O contexto geral me direcionava para casa. Cairia como uma
luva eu entrar num sono profundo, passear por Nárnia e poder repousar meu
corpo. Mas eu vibro em outra frequencia, eu sei que não é bem assim... Daí fui
para a aula e vejo que não poderia ter me complicado mais. Algo me soou
estranho na teoria que o professor apresentava e, mesmo agora, mais de vinte
quatro horas passadas, me pego perdido, questionando as ideias e buscando razão
no que foi falado.
O meu problema é duplo: por um lado, não consigo ver
liberdade em um relação que é baseada no poder, por outro, não consigo ver
sentido em ter coragem quando se é livre. E esse são os fundamentos da
filosofia foucaultiana.
Bem, Foucault diz que toda relação é uma relação de poder.
Ok até aqui. Mas, mais adiante ele afirma que a relação de poder só pode
existir se há liberdade. Eita! Aqui deu nó. Pois, logicamente, diante destas
duas premissas, poderia-se deduzir que todos são livres. Sei que há diversas
concepções de liberdade, mas independente de qual adotar, eu não acredito que
seja possível.
No pensamento de Foucault é retomado o conceito de "parresía",
que significa ter coragem de dizer a verdade. Esse conceito é antigo e é muito
pertinente... Mas quem hoje tem essa coragem? Bom, o problema é que ele afirma
que a "parresía" implica em coragem e liberdade. Ora, como é possível
ter coragem quando se é livre? Afinal, se se é livre, não há o que temer, então
não há que falar em coragem.
Coragem é uma virtude, um equilíbrio entre o medo extremo e
a total imprudência. A coragem só aparece quando há um desafio, quando há algo
a perder. Se há liberdade, não há repressão, não há que se falar em medo.
Portanto, não faz sentido falar em coragem.
Enfim, eu só escrevi mesmo porque estava entalado e não
aguento ficar sem resposta... Pois como disse o professor da aula anterior, "filosofia não serve pra nada mesmo". Mas em uma análise mais fria, até faz sentido eu
não compreender pois não sou dos mais corajosos, não tenho liberdade e,
normalmente, fujo da verdade... Nesse sentido, retomo Pato Fu na década de 90:
"na verdade continuo sob a mesma condição, distraindo a verdade, enganando
o coração".