Jantar de fim de ano, se interpretar ao pé da letra, e eu entendo assim, significaria uma refeição às vésperas do final do ano. Quase uma ceia de natal. Mas não era o caso. Era apenas mais uma celebração pelo bom ano que passou. Mas por que ate aqui o improvável insiste em acontecer?
Eu vestia terno, cheirava Armani Code, portava gel no cabelo e uma barba pra lá de descolada. Eu estava irresistível. Mas meu objetivo era profissional. Não bastava me esbaldar nas melhores bebidas, não bastava me satisfazer com os pratos mais saborosos, não bastava me deliciar nos doces mais incríveis... Eu estava a trabalho. Valia conhecer pessoas, fazer amizades e, quem sabe, criar parcerias.
Um cover tocava Lulu Santos no fundo, enquanto elegante e sorridente eu escutava conversas do passado. Então veio o garçom e disse: "isso e pra você". Era um guardanapo com um nome, um numero e um MSN. Tudo parou. Eu fitei cada rosto do salão, procurei em cada olhar o brilho daquele numero, procurei em cada boca o sorriso daquele MSN. Cadê você? 
Eu realmente não tinha idéia de como seria você, mas a noite toda te imaginei do mesmo jeito. E imaginei você me levando embora dali, a chuva caindo, você encostando numa esquina e o mundo todo passando ali por nos. Mas o tempo ficaria parado lá. Nada de despedida, nada de beijo, nada de ate logo, nada de adeus. Tudo ficaria daquele jeito. Assim é bem melhor.
A noite passou entre lagostas e camarões, entre amigos, colegas e parceiros, entre 12anos, chardonay e água mineral, e eu não vi você.  É meia noite e eu já não sei mais onde te procurar. Por que se esconder assim? Mas sem resposta, é fim de noite, fim do mundo, lá no fundo do conhaque. Eu fico sozinho, mas não fico em paz. A bebida minha eterna companheira.
Devo sonhar com você agora. Mas vou te imaginar como eu quero, como te imaginei a noite toda. Quem sabe eu possa te encontrar mais uma vez. Pela primeira vez.
 
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