quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Da perda

Rodou na internet um tempo atrás o texto brincadeira de estagiário. É um caso que conta de um estagiário que faz um jogo da mega sena com os números sorteados no dia anterior e coloca junto dos bilhetes apostados pela turma do escritório. Quando começam a conferir, não prestam atenção na data e todos que participaram do bolão acham que ficaram milionários. Na certeza que não precisam mais do emprego, os apostadores fazem as coisas mais incertas. No meio do fuzuê, descobrem que tudo não passa de uma pegadinha e o resultado: várias demissões por justa causa, incluindo a do estagiário.

No momento que a realidade se destorce, as vaidades esparsas se reintegram e formam sonhos possíveis. Passa-se a acreditar que tudo pode ser diferente, que a mudança trará melhoras e que o improvável não é impossível. O futuro começa a ser desenhado de forma planejada, com traços precisos e, ao mesmo tempo, delicados.

As fantasias são criadas no gosto peculiar. Os devaneios trazem sensações fortes e reais de expectativa, alegria, esperança. O tempo pára e o mundo se revela como o país das maravilhas. Roga-se para que tudo permaneça intacto, mas a perfeição é frágil e qualquer deslize pode fazer desabar.

Quando a ilusão é quebrada e se percebe que a vida real não mudou de canal, a frustração vem à tona. Angústia, raiva e punição tomam lugar da satisfação, mas de forma mais intensa, dolorosa, demasiadamente dolorosa. É o sentimento de perda.

A utópica contradição nasce no momento em que nada se explica e tudo se sente. Então perde-se o que não se tem. E no peito fica a saudade daquilo que nunca se viveu.

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